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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jasminnie O'Forrk

Já passam das duas da madrugada e eu ainda consigo sentir o perfume dele, impregnado nas minhas roupas. Estou envolta pelos dois edredons que ainda existiam no quarto dos meus pais, tão ralos e embolorados que eu obriguei meu corpo a não ter ataques alérgicos nessa noite. Somente por essa noite.

Olho na janela gasta e de vidro riscado a minha frente, o começo da cama está rente ao resto de parede perto á janela. As árvores balançam á fora, mas eu não consigo dormir. Não consigo dormir e não é por causa do frio arrebatador e insuportável que faz nessa noite. Não consigo dormir pelo perfume irresistívelmente masculino de brota de meu moletom surrado, tão forte e ao mesmo tempo tão cálido.

Eu certamente não consigo explicar o que passa em minha cabeça, essa necessidade infinita e sem fundamente algum de querer estar ao lado dele. De abraçá-lo. De protegê-lo de todos os temores malévolos desse mundo e de que ele me proteja também. Não compreendo, e nem faço esforço para que isso se explique.

Sorri. Os primeiros flocos de neve começaram a descer por fora da janela. A luz está ficando fraca e não é por causa da conta de luz não paga e muito menos porquê a Lua resolveu racionar a sua luminosidade. É apenas meu sono que chega com o esvair do cheiro dele de minhas roupas...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Stop Smoking

A chama do isqueiro se acendeu. O homem perto da janela levou o objeto ao pequeno rolo de papel na boca. A chama incendiou a ponta do mesmo, sumindo em seguida. Tragou. Fechou seus olhos e por um mero segundo sentiu como se estivesse flutuando em águas calmas e acolhedoras.
A fumaça escapou por sua boca, deixando desenhos disformes e peculiares no ar, intrigando-o com a forma abstrata de coelhos e ursos a batalharem.
Sorriu abobado, sentindo o efeito do cigarro esvair de seu corpo. Aquilo, dia a dia, parecia ter menos efeito sobre si.
Ele precisava deixar aquele vício. Precisava, porém, não conseguia.
Já havia tentado de tudo. Chicletes de nicotina, adesivos. Até aqueles cigarros coloridos que cada um possuía uma percentagem menor do tabaco. Mas, era tudo propaganda enganosa e o deixava mais aflito e mais dependente da droga.
Maldita fraqueza humana.
Afastou a janela, deixando o vento invadir a sala espalhando a fumaça do cigarro para todo lado.
- Hey! - ele ouviu. Virou-se lentamente olhando de esguelha para a garota de cabelos tingidos. Eram róseos, assim como a camiseta que ela trajava.
- O que é? - disse ele rouco.
- Você tem que parar de fumar!
Ele riu. - Certo, então... traga-me outro vício pelo qual eu posso substituí-lo!
Os olhos dela caminharam por toda a sala, incomformados. Andou até o rapaz, parando em frente a ele.
Havia irritação no rosto dela, e ele adorava.
Ela arrancou o cigarro da mão dele e jogou pela janela.
- É melhor você parar! - deu meia volta e deixou a sala com uma batida na porta.
Ele riu novamente. Talvez, ele pudesse substituir o vício dos cigarros... por um vício de cabelos róseos com perfume de cereja.